Orientações para melhorar a fala prejudicada pós AVC

Afasia é a perda parcial ou total da capacidade de linguagem, de causa neurológica central, decorrente de AVC (Acidente Vascular Cerebral), lesões cerebrais nas áreas da fala e linguagem. Uma pessoa vítima de afasia pode não conseguir contar, nomear, por exemplo, dos dias da semana e os meses do ano ou ainda perder a noção gramatical. É difícil para alguém com afasia interpretar o que ouve. “É como se a pessoa, mesmo ouvindo, ficasse ‘surda’ para as palavras, por não reconhecer o significado das mesmas”, que, conforme a extensão e localização da lesão cerebral, o paciente pode apresentar um ou mais sintomas, entre eles a perda total ou parcial das habilidades de articulação das palavras, a perda da fluência verbal, com dificuldade de expressão verbal, nomeação de objetos e repetição de palavras. 

A perda parcial ou total da capacidade de ler e escrever também pode se manifestar. O paciente pode não conseguir organizar gestos de forma a representar ou comunicar o que quer. “Por exemplo, o paciente não consegue, com gestos, mostrar o que deseja comer ou indicar que deseja comer, fazer o nome do pai ao rezar, dentre outros.”

Para melhor auxiliar o paciente em casa, o familiar deverá escolher as tarefas, do grau de dificuldade mais simples e assim ir-se aumentando gradativamente o número de itens a serem oferecidos ou o grau de dificuldade, de acordo com o tipo de afasia que se está tratando.

Abaixo, algumas orientações primordiais que promoverão melhora do paciente a curto tempo:

  1. Usar uma gravura, foto ou ilustração de uma cena do cotidiano / dia a dia  do paciente; utilizando frases que contenham a estrutura SVP (sujeito-verbo-predicado) – Ex.: João bebe água. Quanto mais simples e clara a foto / desenho / ilustração mais fácil para o paciente, ou seja, fotos onde a cena que se quer trabalhar esteja muito cheia de detalhes poderão confundir o paciente e dificultar o processo terapêutico. Articular claramente de modo que haja compreensão do paciente todo o tempo. Certifique que esteja olhando para você sempre que for dar uma ordem de ação.
  2. Mudar de figura sempre que os objetivos da figura anterior forem concluídas.

Técnicas de Auxílio em casa:

A) Compreensão de linguagem

Compreensão auditiva

  • Usar desenhos, pictogramas ou figuras
  • Usar objetos reais
  • Usar gestos e mímica
  • Dizemos /demonstramos a função do objeto (o ou a / um ou uma)
  • Ajudar o Paciente dizendo o artigo correspondente, fazendo o debloqueamento

Compreensão de leitura

  • Uso de pictogramas, desenhos ou figuras + palavra escrita
  • Usar gestos e mímica
  • Usar objetos reais + palavra escrita
  • No treino de uma frase, marcar as palavras-chaves ou substantivos ou verbos de uma cor diferente (frases tipo SVP)
  • No treino de um texto, dividir o texto em frases curtas e claras
  • Usar figuras ou desenhos como feedback visual
  • Marcar as passagens mais importantes
  • Marcar os verbos com um rotulador verde (ou de outra cor)

B) Produção verbal

  • Falar junto com o terapeuta
  • Leitura labial
  • Cantar com o Paciente para fazer o desbloqueamento (canções infantis ou conhecidas)
  • Enfatizar o ritmo e a melodia da palavra ou frase
  • Acompanhar o ritmo da frase tocando com as pontas dos dedos na mesa
  • Pegar na mão do Paciente e com ele falar a palavra ou frase de forma melódica
  • Repetição
  • Enfatizar o ritmo e a melodia das palavras ou frases, cantando a palavra
  • Leitura labial (nós  só fazemos os movimentos da boca, sem voz)
  • Paciente procura repetir
  • Acompanhar o ritmo da frase tocando com as pontas dos dedos na mesa
  • Pegar na mão do P e com ele falar de forma melódica a palavra ou frase 
  • Nós repetimos com o Paciente , depois o Paciente sozinho
  • Nomear objetos (usando gravuras, desenhos ou objetos reais)
  • Dizer ao Paciente o número de letras que tem a palavra
    Mostrar ao Paciente o número de sílabas no papel (o número de lacunas correspondentes)
  • Dizer o artigo da palavra (o ou a / um ou uma)
  • Usar gestos e mímica, mostrando a função pragmática do objeto
  • Usar frases tipo: “Toda manhã eu tomo…” a palavra desejada é, no caso, café/banho etc. Dizemos a frase e deixando a última palavra em aberto para que o P possa dizê-la
  • Dizer ao P a primeira letra da palavra
  • Mostrar a gravura/foto ao Paciente
    Dar a ele 2 ou 3 palavras, relacionadas semanticamente
  • Ex.: a palavra desejada é “pão” – o terapeuta diz então manteiga – queijo – mel e —–
  • Mostrando a gravura dizer 2 palavras rimadas dando ao P uma ideia de como a palavra “soa”. Ex. a palavra desejada é “pão” – o T diz então chão – mão e … (pão)

C) Leitura em voz alta

  • Numa frase cobrir todas as palavras e só deixar uma palavra visível e com fácil acesso (no caso, a última) para que o P possa ler. Ex: Paulo toma /café/. Lemos: “Paulo toma…” e o Paciente completa lendo a palavra-chave
  • Usar palavras escritas na forma maiúscula ou de imprensa
  • Tocar com a ponta dos dedos na mesa acompanhando o número de sílabas da palavra, enfatizando a sílaba tônica
  • Começamos pronunciando a primeira sílaba da palavra, o Paciente continue a ler
  • Usar frases tipo : “Eu penteio os … (a palavra desejada é , no caso, cabelos)
  • Lemos a frase e deixando a última palavra em aberto para que o Paciente possa ler

D) Escrita

Cópia – O Paciente deve formar/copiar a palavra que mostramos a ele:

  1. Colocamos na mesa todas as letras que a palavra contém, o paciente as coloca na ordem certa.
  2. O paciente deve ele mesmo procurar as letras que precisa, escolhendo aquelas que constam da palavra (se a palavra tem 5 letras, dá-se ao P um total de 8 letras para que ele escolha as que ele necessita)
  3. O Paciente escolhe sozinho as letras que ele precisa (da caixa de letras do alfabeto)
  4. Mostramos a palavra e a soletramos, o Paciente deve escrever/pintar ou desenhar a palavra no papel
  5. O Paciente copia a palavra “outra vez” – a palavra já está escrita com letras recortadas em papel lixa, o P apenas “copia” a palavra novamente passando o/os dedo/os sobre a palavra (estímulo tátil e visual)
  6. Copiar letra por letra da palavra ( cobrimos as outras letras enquanto o P copia uma após outra)
  7. Mostramos um objeto/foto/desenho com a palavra escrita – o Paciente copia a palavra no papel ou pinta com o dedo/pincel, etc

Ditado

  • O paciente escreve/pinta ou desenha a letra que o terapeuta lhe diz
  • O Paciente forma a palavra dita pelo terapeuta com as letras na mesa (ver acima opções com 3 graus de dificuldade)
  • O Paciente escreve/pinta ou desenha a sílaba dita pelo terapeuta
  • O Paciente escreve/pinta ou desenha a palavra dita pelo terapeuta

Nomear de forma escrita

  • Mostramos ao Paciente 2 ou 3 desenhos de objetos da mesma área semântica
  • O Paciente deve escrever/pintar ou desenhar o nome do objeto descrito por nós
  • Usamos gestos e mímica mostrando a função da palavra que está sendo procurada – o P escreve/pinta ou desenha a palavra
  • Escrevemos a primeira sílaba da palavra – o P completa escrevendo/desenhando ou pintando a palavra
  • Usar frases tipo: “Eu penteio o …”a palavra desejada é , no caso, cabelo. O terapeuta lê a frase e deixa a última palavra em aberto para que o P possa escrevê-la
  • Soletramos a palavra e o P escreve/pinta ou desenha letra por letra no papel
  • Mostrar ao Paciente a figura de um objeto.
  • Também mostramos os nomes de 2 ou 3 palavras que se relacionam de forma semântica com a palavra procurada (ou palavras rimadas) O Paciente então escreve/pinta ou desenha a palavra que está sendo procurada.

FAMILIARES: Sempre estejam em contato com sua Fonoaudióloga!! Ela será sempre sua melhor companhia!!