Muitas vezes nos deparamos com pessoas que constantemente as rotulamos: “fulano é um narrador esportivo ao narrar um gol”, “fala rápido demais”, “fala tão rápido que fala enrolado”, “não entendemos o que ele fala”. Nestes casos, falamos que estas pessoas podem apresentar taquifemia e precisam ser avaliadas por um fonoaudiólogo para a confirmação do distúrbio na velocidade de fala.
A taquifemia é caracterizada pela velocidade aumentada de fala, prejudicando a compreensão da mensagem falada .
Codificada na “Classificação Internacional de Doenças” (CID-10) com os caracteres F98.6; é considerada um distúrbio ou transtorno de fluência.
A maioria das pessoas com taquifemia refere outros familiares que também apresentam fala rápida (pais, irmãos, tios, primos e/ou avós). Desta forma, há indícios de que a taquifemia seja transmitida geneticamente de geração em geração. As mutações genéticas relacionadas à taquifemia ocasionariam mau funcionamento de áreas do cérebro relacionadas à fala e, principalmente, ao ritmo da fala.
A taquifemia ocorre quatro vezes mais em homens do que em mulheres.Podem ser observadas as seguintes características:
- Velocidade muito rápida de fala;
- Uma frase emenda na outra no discurso, ao falar, sem respirações ou pausas maiores.
- Evita falar e diferentes situações.Evitando situações de leitura, apresentações orais, seminários, responder a lista de presença; dentre outros. Também observamos presença de interjeições, sons de preenchimento, repetições de palavras no sentido de auto correção. Ex: É, é eu fui lá na cidade de Sã – São Leopoldo, é São Leopolpoldo sim.
- Pouca percepção das dificuldades de fala, não reconhecendo o que faz na fala.
Entretanto, dois outros sintomas também são obrigatórios para o diagnóstico de taquifemia: aumento considerável no número de hesitações/disfluências comuns e pouca ou nenhuma consciência do distúrbio de fluência. Apesar de não serem sintomas obrigatórios, costumam estar presentes na taquifemia, os seguintes pontos positivos:
- Genético /Hereditário favorável para alterações na linguagem
- Troca de letras na fala e/ou na escrita
- Dificuldade para encontrar as palavras ao falar e ao escrever
- Dificuldades na construção do discurso, coerência e coesão baixa, discurso confuso
- Dificuldades de leitura e escrita
- Atraso no desenvolvimento de linguagem
- Desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade (TDAH).
No início do processo de terapia com o taquifêmico, alguns objetivos podem ser priorizados,tais como: a motivação, a identificação das características da comunicação e a conscientização das dificuldades relativas à velocidade e a inteligibilidade da fala. Este trabalho facilitará a percepção do distúrbio por parte do indivíduo e uma melhor atuação conjunta entre fonoaudiólogo, paciente, família e social.
O objetivo geral da intervenção fonoaudiológica na taquifemia é melhorar a comunicação do indivíduo, priorizando a redução da velocidade de fala, a diminuição da disfluência e o aumento da inteligibilidade da da mesma. A continuidade do trabalho em casa é fundamental e de suma importância.