Os sons do ronco se originam na parte da via aérea onde não há suporte rígido, isto é, da epiglote até a coana. Envolve o palato mole, a úvula, as amígdalas, os pilares amigdalinos, a base da língua e os músculos e mucosa da faringe (Conforme figura abaixo).

Quatro fatores, em separado ou combinados, contribuem para o ronco:
Tônus flácida/ hipotenso da musculatura do palato, língua e faringe é a causa mais comum de roncos iniciados em idade adulta. Em fases profundas do sono, tal musculatura falha em participar no ciclo respiratório. A língua cai para trás obstruindo a via aérea e fazendo vibrar os flácidos tecidos do palato, úvula e faringe. Isto se exacerba quando o indivíduo faz uso de álcool, hipnóticos-sedativos, tranquilizantes ou anti-histamínicos antes de deitar-se. Hipotireoidismo também contribui para hipotonia muscular, roncos e apneia.
Algumas condições favorecem o aparecimento do “ronco”:
- Tônus muscular inadequado da via aérea superior
- Hipotireoidismo
- Paralisia cerebral e outros distúrbios neuromusculares degenerativos
- Componente central da apneia mista do sono
- Hipotonia induzida por drogas (sedativos, hipnóticos, tranquilizantes, anti-histamínicos, antieméticos, álcool, abstinência noturna de estimulantes)
- Relaxamento pós-prandial
- Colapso do tecido mole sobre as vias aéreas
- Hiperplasia amigdalina (palatina/lingual)
- Cisto (tireoglosso, inclusão mucosa)
- Macroglossia (acromegalia)
- Hiporretrognatia
- Tumor
- Abscesso
- Dobras mucosas excessivas
- Acúmulo de gordura submucosa
- Comprimento excessivo do palato mole/úvula
- Orifício nasofaríngeo estreito
- Redundância
- Via aérea nasal obstruída (agravando a pressão inspiratória negativa na via aérea sujeita a colapso)
- Deformidades nasais, septais ou de conchas
- Rinite alérgica ou vasomotora
- Rinossinusite
- Pólipos, neoplasia ou cisto nasal ou coanal
- Hiperplasia adenóide
Em crianças, os roncos são quase sempre causados por hiperplasias adenoamigdalinas (adenoide aumentada). Um terço dos roncadores adultos também apresentam amígdalas suficientemente grandes. Uma avaliação otorrinolaringológica para verificação de tratamento medicamentoso ou cirúrgico faz -se essencial nestes casos. em relação ao otorrino, deformidade nasal ou do septo nasal, tumores nasais ou sinusite e pólipos nasais são, também, possíveis causas de roncos. Descartando- se hiperplasias adenoamigdalinas, devemos verificar se o paciente apresenta respiração oral, musculatura facial / de deglutição flácidas para encaminhamento fonoaudiológico (para reabilitação de respiração, mastigação, deglutição e fala) fortalecendo a musculatura e eliminado o ronco; uma vez que o fator causal mais desencadeante para o ronco é a flacidez muscular. O acompanhamento nutricional com nutricionista e nutrólogo é muito importante quando o paciente está cima do peso.
A forma mais excessiva de roncos (conhecida como “roncos terminais”) é chamada a apneia obstrutiva do sono, mais conhecida popularmente, como roncos. O ronco ruidoso é interrompido por episódios de silêncio total, onde o roncador descreve esforços respiratórios (apneia obstrutiva). Após alguns segundos o paciente volta a respirar e o paciente acorda novamente. Frequentemente este episódio é acompanhado por chutes ou movimentos com os braços ou ainda um espasmo corpóreo total. Estes resfôlegos e movimentos corpóreos quase que, invariavelmente, levam qualquer companheiro a mudar de quarto e até a separações.
Uma das definições de apneia obstrutiva do sono é quando o ronco obstrui, por completo, a via aérea em episódios com duração acima de 10s e com mais de 30 episódios por noite ou sete por hora. Esta carência crônica de sono torna o indivíduo sonolento durante o dia. Estes pacientes podem adormecer no volante ao ir e vir do trabalho ou no próprio emprego. Eles sofrem sérios problemas trabalhistas e são potenciais motoristas perigosos nas estradas. Também adormecem ao assistir televisão, ou ao ler um livro, ou tentando conversar, ou durante outras atividades íntimas pessoais. Excluindo-se roncos altos, a sonolência diurna excessiva é tida como o principal sintoma de apneia obstrutiva do sono. Ocorrem alterações significativas nos níveis de oxigênio e dióxido de carbono, causando arritmias cardíacas em quase todos os pacientes. Isto, provavelmente, explica a morte súbita na cama de 2.000 a 3.000 pacientes nos EUA por ano.
Algumas orientações são essenciais a pessoa que ronca:
- Adotar estilo de vida atlético e exercícios diários para desenvolver bom tônus muscular e perder peso
- Evitar tranquilizantes, pílulas para dormir e anti-histamínicos antes de dormir
- Evitar bebidas alcoólicas nas 4h antes de se deitar
- Evitar refeições pesadas nas 3h antes de se deitar
- Evitar cansaço excessivo; estabelecer padrões regulares de sono
- Dormir em decúbito lateral e não em decúbito dorsal; costurar bolso às costas do pijama para colocar bola de tênis (evita dormir em decúbito dorsal)
- Tentar usar coleira em correia de chicote, larga o suficiente para manter o queixo elevado
- Colocar cama em proclive de 15 cm (colocar dois tijolos sob os pés da cama na cabeceira)
- Deixar o não roncador dormir primeiro
Lembrando que nada substitui o tratamento adequado: procure sua equipe médica, procure seu fonoaudiólogo!!! Marque sua avaliação.